1 de ago. de 2009

$ por trás de vampiros e lobisomens.


Hoje fui visitar minha tia na capital paranaense. Antes de chegarmos ao apartamento dela fizemos uma para no Shopping Barigui, destino Livrarias Curitiba. Minha irmã queria comprar o Amanhacer, último livro da saga Crepúsculo. Eis que comecei a refletir.




Não, não irei questionar o romance de uma humana com um vampiro, seguido de perto por um lobisomem ciumento. Podemos deixar o debate do enredo para uma outra hora... ou não.

O fato é que o livro custava R$49,90 quando foi lançado em português. Hoje ele encontra-se por R$39,90. Nas Lojas Americanas o preço atual é de R$32,10. Mais tarde este valor com certeza caíra ainda mais. Com a venda do livro, o estabelecimento que vende o produto deve lucrar, a editora deve lucrar, a escritora deve lucrar e até mesmo mais pessoas por trás, como empresários, devem receber certa quantia.

A pergunta que fica é: quanto realmente custa um livro? Ou seja, sua produção.

Realizando uma rápida pesquisa, descobri que o preço da produção de um livro é composto a partir do número de páginas por exemplar, cores de capa e do "miolo", papel utilizado e o tamanho da tiragem. Quanto menor a tiragem, mais caro fica cada exemplar. Um livro de 112 páginas, com tiragem de mil exemplares, não sai por menos do que R$1,50 por exemplar. Se constatarmos que Amanhecer tem 576 páginas, e sua primeira tiragem foi de 400 mil exemplares apenas no Brasil, podemos imaginar que o preço de produção de cada exemplar foi de, no máximo, R$8,00 ou R$9,00.

Levando-se em consideração apenas a primeira tiragem do livro (em que cada exemplar custava R$49,90), obtemos a significativa quantia de quase R$20 milhões. Este valor não é um dado oficial, ele foi calculado por mime, portanto, pode variar para muito mais. Vale lembrar que metade desta tiragem foi vendida antes mesmo de o livro chegar nas lojas. Podemos pensar que todos os exemplares desta primeira tiragem foram vendidos em uma ou duas semanas. E lembrem-se: esta pseudo-quantia equivale apenas para a primeira tiragem do livro em território nacional.

Pois bem. Este dinheiro é, no final das contas, repassado direta ou indiretamente para a gráfica que produziu os livros (a qual deve pagar seus funcionários e obter lucro), para o estabelecimento que vendeu os exemplares (o qual também deve pagar seus funcionários e obter lucro), para as editoras, tanto do original, como a Intrínseca (responsável pela produção dos exemplares brasileiros) e, por fim, para empresários da autora e para a própria Stephenie Meyer. Isso que não estou levando em conta os serviços contratados secundariamente, como o transporte dos 400 mil Amanheceres.

Então, para você ler tranquilamente seu livro, discutir sobre a história, se apaixonar pelo Edward ou falar que esses vampiros e lobisomens são todos uns viadinhos, foram necessárias várias etapas e muito dinheiro envolvido. Stephenie Meyer está deitando e rolando em dinheiro, assim como J. K. Rowling ou Paulo Coelho.

Mas pelo menos é por uma boa causa. Ler é muito importante, mas sobre leitura tratarei outro dia... com certeza.

5 comentários:

  1. Ah, como eu queria pagar R$8,00 ou R$9,00 num livro... Que seria de mim sem a Biblioteca Pública?
    Muito bom o texto, rapaz :)

    ResponderExcluir
  2. como você consegue escrever tão bem? :(
    e inclusive eu queria pagar R$9,00 em um livro também..

    ResponderExcluir
  3. Apesar de existir sites como o http://books.google.com.br/ é claro que a sensação de ter um livro em mãos é única. Preços explicam-se pelo modismo corrente ou pela fama do autor. Pode contar que daqui a alguns anos Meyer vai ser só mais uma na ponta de estoque,com livros a preços ínfimos, basta passar a "febre" causada principalmente pelo lançamento do filme, que estimulou a leitura. O grande segredo é esperar. Modinhas mal escritas são logo esquecidas, mas boas histórias não envelhecem.

    Parabéns pelo texto!

    ResponderExcluir
  4. O tal do Edward é uma bixa, é tudo que sei sobre "A SAGA CREPÚXCULOAIXFERAPOW"

    ResponderExcluir