Um menino bruxo com uma cicatriz. Provavelmente 99,9% das pessoas que lessem tal descrição saberiam afirmar a quem ela pertence. Esse é o mínimo impacto da série Harry Potter, escrita por J. K Rowling. Os setes livros da série tomaram os lugares das estantes de crianças, adolescentes, adultos e até de pessoas idosas. O fenômeno literário de Rowling surgiu em 1997 e teve seu ápice dez anos depois, com o lançamento do sétimo e último livro da série. Entrando para o rol da fama literário está a série Crepúsculo, escrita por Stephenie Meyer. Os quatro livros da série figuram, hoje, entre os dez mais vendidos do Brasil. O primeiro mais vendido, porém, é O Símbolo Perdido, mais novo romance de Dan Brown, autor do best-seller O Código da Vinci. A literatura estrangeira vem concretizando seu lugar no cenário literário brasileiro, e o principal público-alvo das editoras e autores são os jovens.
A editora americana de Harry Potter, Scholastic, recentemente publicou um relatório no qual se constatou que 51% dos leitores americanos de Harry Potter entre 5 e 17 anos não tinham o hábito da leitura por diversão antes de começar a ler a série mágica, e que hoje isto acontece. O mesmo acontece no Brasil. O estudante Guilherme Freitas, de 17 anos, afirma que também não possuía o hábito de ler antes de começar a ler Harry Potter. “Em 2001 assisti Harry Potter e a Pedra Filosofal (primeiro filme da série) no cinema, e gostei. Li os quatro primeiros livros e peguei o gosto pela coisa”, conta.
Foto: Lucas Kotovicz
Os sete livros da série Harry Potter venderam mais de 480 milhões de exemplares por todo o mundo: fenômeno estrondoso
Embora os grandes best-sellers tenham dominado a leitura dos jovens, há ainda quem não goste de ler. Wiston Correia, também estudante, 16, diz que prefere os seriados aos livros. “Acho que a história de Crepúsculo é voltada para o público feminino. Já Harry Potter não tem uma história que se possa basear com fatos pertinentes à realidade”. Wiston admite que a leitura deve ser incentivada, mas que perdeu seu interesse com o passar do tempo. “Ler exige paciência e concentração.”, afirma.
O caso de Wiston é atípico se comparado com um universo mais amplo de leitores, porém o fato de ele não gostar de ler não significa que ele não escreva bem. A doutora em Sociologia pela UFPR, Katya Cristina de Lima Picanço, diz que o vício provocado pela leitura dos best-sellers não acarreta na melhora da escrita dos jovens. “A melhora na escrita e na argumentação está relacionada com o desenvolvimento de uma conscientização quanto às regras necessárias à escrita e com um constante debate de idéias que deve percorrer as escolas no momento em que há o incentivo à leitura. São dois fatores
que devem caminhar juntos com a formação dos leitores: novos leitores
com novos debatedores e escritores.”, diz Katya.
“Em 2001 assisti Harry Potter e a Pedra Filosofal (primeiro filme da série) no cinema, e gostei. Li os quatro primeiros livros e peguei o gosto pela coisa.”
Guilherme Freitas, estudante.
Cultura nacional
Se por um lado há muitos jovens que gostam de ler livros estrangeiros, por outro há pouquíssimos deles que preferem as obras nacionais. E para piorar a situação, os poucos que as leem, não gostam. Wiston declara: “Este ano eu tinha que ler sete livros para o colégio. Não li nenhum.” Ele é estudante do segundo ano do ensino médio de um colégio particular e alega que a maioria dos seus colegas de turma também não leu os livros. “Uma colega leu dois livros que foram cobrados na prova de Literatura. Ela achou ambos bastante chatos e cansativos”, diz Wiston. Guilherme também fala que não gosta dos livros brasileiros. Ele diz que prefere títulos estrangeiros aos nacionais devido a um aspecto cultural. “A cultura brasileira em relação a livros é muito pouco avançada, muito fraca. As histórias brasileiras não possuem conteúdos se comparadas com as estrangeiras.”, declara.
“Não devemos proibir a literatura estrangeira, mas sim incentivar e aumentar o acesso à literatura nacional.” Katya Cristina de Lima Picanço, socióloga.
Katya Picanço diz que a ascensão da leitura dos best-sellers internacionais por parte dos jovens está dividida em dois processos: o primeiro se dá pelo aumento na oferta dos livros por conta da busca das grandes editoras em cativar o público jovem; o outro está relacionado com um movimento nas escolas públicas e privadas, as quais estão influenciando na formação de novos leitores. Porém, o acesso aos livros nacionais, assim como sua divulgação, não é dos melhores. “A leitura dos best sellers internacionais aos livros nacionais, pelos jovens, prejudica a cultura literária nacional se considerarmos que somente este tipo de literatura é a que está mais acessível. Não devemos proibir esta literatura, mas sim incentivar e aumentar o acesso à literatura nacional.”, afirma a socióloga.
Vício
Os viciados esperam ansiosamente pelo lançamento de cada volume das séries e, quando finalmente colocam as mãos no livro, devoram as páginas em pouquíssimo tempo. Guilherme Freitas alega ter lido em dois dias Harry Potter e a Ordem da Fênix, quinto e mais volumoso livro da série, com pouco mais de 700 páginas. “Demorei dois anos para ler o primeiro e o segundo livro. Porém, Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (terceiro livro da série) eu li em duas semanas e Harry Potter e o Cálice de Fogo (quarto livro da série) eu li em uma semana.” Para Guilherme, o fator que fez com que ele continuasse e tivesse vontade de ler por tantas horas foi a magia da história. Ele começou a ler quando ainda era criança, aos 11 anos. Hoje está no sétimo livro, no qual o protagonista, assim como ele, tem 17 anos. “A história é interessante, apesar de ser meio infantil, mas com o decorrer dos livros ela vai se tornando um pouquinho mais adulta, os personagens vão evoluindo, ficando mais velhos.”, diz.
Katya acredita que a leitura dos grandes livros internacionais é benéfica quando se volta para o entretenimento. “O conteúdo destes livros não contêm nenhuma defesa da exclusão e dos preconceitos em geral, o que não os torna maléficos”, conclui Picanço.
Noooooooossa, pagou um pau pra mim, falou que eu escrevo bem pra caralho =/
ResponderExcluirNoooooooooosa, nem me entrevistou pnc
ResponderExcluirJornalista não pode entrevistar pessoas com mesmo sobrenome :/
ResponderExcluirSe fosse assim não existiria jornalista com sobrenome "da Silva".. =/
ResponderExcluirJá viu algum jornalista com sobrenome "da Silva"?
ResponderExcluirEvelyn Bueno Betim da Silva? :/
ResponderExcluirNo caso ela não poderia entrevistar Fulano Bueno Betim da Silva.
ResponderExcluirwhatever
Texto excelente e cheio de fundamentos, referências e entrevistas.
Parabéns, jornalista!