A internet ainda estava conquistando seu espaço como meio comunicativo. Logo, lá pelo final da década de 90, procurávamos todas as informações através da televisão.
E lembro-me muito bem que, nesta época, um dos rostos que eu mais ansiava em ver, que eu mais queria conhecer, era o rosto do cara que falava com o Silvio Santos em seus programas. Imaginava este homem de tudo quanto era jeito: gordo, magro, careca, cabelos pretos, bigode, branco, negro. Porém, a única coisa que eu realmente conhecia era sua voz. Imaginava onde este locutor ficava no estúdio durante os programas: numa cabine próxima, logo ao chão, ou em um lugar ao alto, numa cabine fechada, tranquila, sem ninguém. Costumava pensar que o local onde ele ficava era parecido com o lugar onde o Caçulinha ficava nos tempos de Sai de Baixo.
Um dia, em um programa do Silvio Santos, o mesmo começou a papear com uma senhora que, claro, pagava em dia o carnê do Baú. Silvio, então, disse:
- Vou lhe mostrar quem é o Lombardi, você quer conhecê-lo. O Lombardi é aquele ali.
Assim, ele simplesmente apontou para alguém fora do campo filmado pela câmera, acabando totalmente com minhas expectativas que surgiram, naquele rápido momento, de conhecer o dono daquela voz.
Silvio e Lombardi sempre brincavam em seus programas, sempre pareciam estar com bom humor. Era esse fato, um tanto quanto bizarro - um apresentador que falava com uma bela voz vinda de algum lugar, sem que o dono da mesma estivesse realmente presente - que me deixava empolgado, pensativo, intrigado.
O pior é saber que não lembro quando, enfim, conheci a figura de Lombardi. Não me lembro o instante que eu sempre aguardara. Mas conheci, assim, como se estivesse simplesmente matando mais uma curiosidade. O que lembro é que conheci com a ajuda dela, da internet.
Acho que foi isso que acabou com toda a graça.
Todavia ontem, ao ver o rosto de Lombardi no televisor, vi como ele parecia uma pessoa feliz, de bem com a vida. Vi como ele gostava do que fazia. Mas, principalmente, percebi que aquela voz, aquela voz que percorreu meus ouvidos durante os vários domingos de minha infância, nunca mais seria falada, pronunciada. As cordas vocais que emitiam o som daquela voz estavam, enfim, descansando.
Lombardi! O maaior locutor do Brasil fez história! Ouvi falar numa possível substituição. Pfff... Palavra infeliz, certos talentos são insubstituíveis. RIP
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