11 de abr. de 2010

O jeito Felipe Pena de ser.


Soube que Felipe Pena estaria na Universidade Positivo por meio de alguns amigos que trabalham no LONA (Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Positivo). Todos estavam extremamente alvoroçados e ansiosos com a vinda de tamanha celebridade para a universidade. Não só para a universidade, mas exclusivamente para nosso curso de Jornalismo. Pena estivera na UP alguns meses antes, para um dos maiores eventos - senão o maior - de comunicação, o Intercom.

Foto: Diego H. Silva
Acompanhei algumas partes do planejamento da entrevista com Pena durante a semana. Estava no círculo de cinco ou seis nervosos aprendizes de jornalistas quando um deles, Daniel Castro (suando frio e tremeluzindo as mãos, diga-se de passagem), ligou para Felipe Pena confirmando sua presença às 18 horas, no TelaUn (TV do Curso de Jornalismo). Mas confesso que eu não estava entusiasmado como os outros. Para mim Felipe Pena era apenas mais um teórico chato de Jornalismo. Citado em diversas aulas de Introdução ao Jornalismo e Teorias da Comunicação (lecionadas pela professora Elza), Pena era mais um metido que se atreveu a estudar cientificamente o Jornalismo e acertou nas suas pesquisas.

Eu não entendia porque era tão aguardada a sua visita. Aline Reis vivia falando, apaixonada: "Felipe Pena meu! Ele é o cara!", mas juro que eu não entendia. Tudo bem, todos estudavam suas teorias, mas seria pra tanto? Isso eu fui descobrir após o dia 8 de Abril, no Auditório do Bloco Azul.

Não pude estar presente na entrevista para o TelaUn, mas topei com Daniel Castro no corredor, revelando-me:
- Muito parceiro o Felipe Pena! Ele disse: "Vocês tem que sair do trabalho e ir pro bar, se divertir!"
A imagem do teórico chato em minha cabeça começou a embaçar.

Entrei no auditório cabisbaixo, devido aos meus problemas pessoais, mas logo foquei-me no que ali aconteceria. Vi, pela primeira vez, Felipe Pena: ao lado da professora Elza, ele conversava animadamente com alguns curiosos. Acabei descobrindo que ele estava ali para palestrar e, juntamente, divulgar seu segundo romance: O marido perfeito mora ao lado.

Quebrados alguns preconceitos ao ver tal pessoa conversar animadamente com os alunos, fui comprar seu livro, sem nem ao menos saber do que se tratava, sem nem ao menos ler uma crítica, sem nem ao menos tal livro estar entre os 10 mais vendidos da Revista Veja. Poucas vezes na minha vida fiz isso e, quando fiz, errei: os livros que escolho sempre são porcarias. Ainda não li O marido perfeito mora ao lado - por falta de tempo e não por falta de vontade - mas o que tenho escutado até agora são críticas positivas. Mas, pelo jeito, não pode ser diferente. Você vai entender isso ainda nesse texto.

Tomei coragem e fui conversar com o cara. Eu nunca tenho o que perguntar para pessoas já renomadas, mas assim mesmo, fui. Perguntei se meus amigos já haviam entrevistado para o LONA (que dúvida.). Ele disse que adora a estrutura da UP. Eu concordei, mas disse que sempre há problemas. Complementei falando que vejo problemas em tudo. Não menti. Eu vejo mesmo, mas são raras as vezes que os cito. Aí, acabou. Eu não tinha mais o que falar, precisava ver a palestra para tirar minhas próprias conclusões. Ele autografou meu livro (e também o dele) e nos dirigimos a nossos postos. Depois desta rápida conversa aquela minha visão de Felipe Pena já tinha praticamente sumido. Pois após a palestra ela não só sumiu, como clareou.

O segundo romance
Depois de O analfabeto que passou no vestibular, Pena concentra-se em seu segundo romance. Para escrever O marido perfeito mora ao lado Felipe Pena matriculou-se em uma faculdade de Psicologia. Sim, com o objeitvo exclusivo de aprender psicologia para escrever seu segundo romance. Foram quatro anos para que as mais de 300 páginas fossem finalmente publicadas.

Foto: Diego H. Silva
Para Pena, contar sua vida é fácil. Difícil é contar a vida dos outros. Assim, escolheu um tema universal, que fosse prazeroso para seus leitores. Por que não, então, uma briga de casal? Há assunto mais popular do que este, motivo das fofocas alheias? Essa foi a primeira questão. A segunda questão era: como contar? Para isso, Felipe Pena nomeou seu porteiro como principal consultor literário. Se o livro seria um romance, haveria personagem melhor? Sua outra consultora literária foi sua orientadora de doutorado. E aí definiu-se a grande sacada do livro. Quando houve um equilíbrio entre as partes, Pena sentiu que o livro deveria ser publicado.

E como seriam os personagens? O autor contou que os "constrói" observando diversas pessoas. Cada personagem tem algo de vários seres humanos. E aqui explico as aspas no constrói: Pena diz que os personagens tem vida própria. Conversar com eles em seu carro é quase que natural. A narrativa o domina por completo, faz com que, do nada, ele decida escrever o final que não planejava.

Tudo perfeito até o momento, mas aqui entra a minha principal crítica negativa da palestra de Pena. Concordo com seu marketing. O autor gastou tempo e dinheiro com o livro, esperar pelo retorno é invevitável. A palestra foi uma ótima estratégia, seu jeito acolhedor natural é perfeito para seu próprio marketing pessoal. Matérias em jornais, divulgação, venda na universidade.

Tudo perfeito, não fosse pelo... ah! Pelo vídeo! Divulgar um livro através de uma encenação, feita por atores, de uma própria cena do livro destrói parte da imaginação do leitor. Agora, terei Olga e Carlinho materializados em minha mente. Imagino os mesmo tom de voz após a indignação de Olga ou o jeito tímido e inquieto de Carlinho como o que vi no vídeo, e não mais partindo da minha imaginação. Filme é uma coisa, divulgação é outra. Fosse um vídeo com comentários de quem já leu, com algumas artes, com algumas frases chocantes, com alguns pedaços de resenhas de grandes jornais, aí sim. Este foi o ponto falho do marketing de O marido perfeito mora ao lado.

Felipe Pena
Mas as críticas negativas acabam no parágrafo acima.
Na palestra Felipe Pena revelou-se um apaixonado. Solteiro, mas apaixonado. Apaixonado pelo jornalismo, apaixonado pela escrita, apaixonada pelas ex-namoradas, apaixonado pela plateia, apaixonado pelo sexo, apaixonado pela boemia, apaixonado pelo seu livro, ou por todos os seus 10 livros. Simplesmente, apaixonado por tudo. Demosntrava uma vivacidade incrível. Todos, naquele pequeno auditório, podiam respirar seus sentimentos. Pena fez com que ali em cima estava falando um grande amigo.

Foto: Diego H. Silva
Tenho certeza que pelo menos uma guria da plateia pensou: "O marido perfeito está no palco". Pena é o galã do jornalismo - para elas.
Pelo menos um macho da plateia pensou "Esse cara é foda". Pena é o jornalista pretencioso que todos ali querem ser - para eles e para elas.

Já disse que o Jornalismo foi essencial para que Pena escrevesse seus dois romances - e aí eu vejo porque ele é um bom teórico. Sua vida é o jornalismo. Esperto ao fazer suas reportagens, esperto com as próprias palavras e esperto perante as perguntas dos curiosos aprendizes, Pena é a fachada da felicidade jornalística.

Mas ali ninguém viu suas quedas. Como todo ser humano, Felipe precisou cair e reerguer-se diversas vezes para chegar onde chegou. Aliás, ainda vai cair mais algumas vezes, e vai reerguer-se mais algumas vezes. Alguém da plateia lhe disse que o estilo Felipe Pena de ser é o estilo buscado por várias pessoas. Concordando ou não, lhes digo: Felipe Pena injetou ânimo em todos ali. Fez com que cada um parasse para pensar no futuro a ser seguido. Derramou lágrimas ao lembrar de um momento com um de seus professores, já falecido, como quem diz: emocionem-se. O que ele realmente disse foi para nos embriagarmos. Embriagarmos de tudo. Aproveitarmos tudo.

Depois da palestra muitas dos presentes certamente decidiram algo para sua vida, mesmo que este algo fosse de mínima importância. De máxima importância, eu digo: saímos de sua palestra com vontade de viver.

10 comentários:

  1. O Felipe Pena realmente mostrou tudo isso mesmo.
    Saí da palestra e pensei: "É por isso que amo o que escolhi fazer".

    Ele gosta e acredita no verdadeiro papel da profissão como poucos. E não só a profissão, ele tem uma fé na vida que impressiona.

    E tenho que concordar: O marido perfeito mora no palco. rsrsrsrs

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  2. adorei o texto, Kotó! massa. e concordo plenamente com a parte de que todos sairão animados de lá. Energia que todos precisam, ainda mais nessa época, em especial para nós, que estamos no meio dessa caminhada tão longa, que esta apenas começando. Ele é o cara. E eu tbm concordo com o que você disse -com algumas alterações- que "o marido perfeito mora mora no Janeiro".

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  3. OBS: adoreeei essas fotos que você colocou dele...bonito! rsrs

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  4. estou adorando seguir teu blog,seus textos são sempre muito bons.

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Pois é, Kotó. Felipe Pena é encantador pq nos faz reviver a essência das nossas escolhas. Boa parte de nós, estudantes - se não todos - escolheu o jornalismo pela paixão que tinha/tem pelas palavras, e pq nós acreditamos no poder delas. Ninguém escolheu escrever a vida toda seguindo um lead ou pensando no que diriam os teóricos da comunicação. Felipe Pena é só o nosso sonho materializado. O jornalismo exercido com paixão, que, muitas vezes, se perde nesse processo desilusório chamado "faculdade". Escreverei sobre... rs

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  7. Muito, muito, muito, muito bom, Kotó!
    Você conseguiu expressar em palavras tudo que nós, aspirantes jornalistas, sentimos naquele auditório. Abaixo, reproduzo a parte que mais gostei. Aliás, ao final, fiquei com muita vontade de ler mais coisas suas...Vou voltar sempre aqui! Abraçoss!
    "Tenho certeza que pelo menos uma guria da plateia pensou: "O marido perfeito está no palco". Pena é o galã do jornalismo - para elas.
    Pelo menos um macho da plateia pensou "Esse cara é foda". Pena é o jornalista pretencioso que todos ali querem ser - para eles e para elas."

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  8. bem, pelo menos algum curso nessa 'faculdade funciona', tenho inveja da boa do curso de jornalismo, os alunos até assistem palestras!!!

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  9. Eu sou aluna na UFF dele e te digo: "PROPAGANDA ENGANOSA" como professor ele é ABAIXO DA CRÍTICA. Extremamente vaidoso, ele dá o que quer, sem se importar se segue o programa das aulas ou não. Ou melhor, quem ensina a matéria são os alunos por meio de seminários. Se eu fosse vcs, como futuros jornalistas, veria o outro lado da moeda. Não é bem assim não...

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  10. Esse ser, o qual raramente citado, foi uma pessoa que adimirei, talvez por inexperiencia. Porem o fato veridico, e que o cidadao alem de ser um tremendo egoista, egocentrico, abaixo da media, oportunista, e Doutor em literatura... nao faco a menor ideia de como conseguiu, pois nunca soube nem sequer dirigir uma equipe administrativamente, nunca foi experiente suficiente pra tentar SER HUMANO, ou seja... realmente pode entender muito de literatura mas deixa muito a desejar como nossa amiga aluna citou, inclusive como pessoa.
    Nao fui, nao sou, e nem quero ser nada proximo duma coisa como ele.
    Meu parecer como Jornalista a respeito dessa coisa nao e nada favoravel, afinal quem nao sabe como fazer, acaba tendo que ensinar.
    E isso ai Felipe Pena continue vivendo do pessoalzinho burro e brasileiro que acha que quem tem um olho e Rei. Sao um bando de analfabetos, e uma bosta de Pos doutorado em literatura, nao diminui o tamanho das suas orelhas.

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