13 de mar. de 2011

A cortina do Bar do Alemão - [1]

 Como dito anteriormente, a nossa primeira parada (nos dias 18 e 19 de fevereiro)  foi no Schwarzwald Bar do Alemão, ou só Bar do Alemão (porque uma palavra com 9 consoantes e apenas duas vogais não é uma palavra que se preze).


Embarcamos em seis pessoas no Celta vermelho-cereja do Gato rumo a um dos bares mais famosos - senão o mais famoso - de Curitiba. E acreditem: era a primeira vez que eu entraria naquele lugar.

Gato dirigindo e eu fazendo o papel do co-piloto. Como sempre, nós entramos no Google Maps, fizemos a rota até o Largo da Ordem e imprimimos o mapa. (Sim. Eu não sei andar em Curitiba de carro. Alguma guria quer me ensinar?) Aí vocês dizem: e o GPS não existe né. Eu digo: GPS é para os fracos. Eu e o Gato temos um conceito sobre o GPS: ele não ensina você a andar na cidade. Ele apenas te guia, como um cão-guia para cegos. Você não enxerga o caminho, apenas está ali. Quem sabe tudo é o GPS, e não você. É um emburrecimento a curto prazo. Nada contra os burros, é claro. E muito menos contra os cegos. Os cegos são fodas por se adaptarem ao mundo dos que enxergam, isso sim. Os cegos são mais fodas que você. (Acho que vou lançar essa saga em braile).

(Voltando)
 No banco de trás: Gabi, Hick, Tar e Roberth (na ordem em que eles realmente estavam sentados).

A chegada
Chegamos lá e entramos por um caminho estreito, mas não propriamente a entrada. Entramos por um lugar onde tem um boneco de um alemão. Fomos andando, e vimos o lugar lotado, com mesas espalhadas por tudo quanto é canto. De cara, a probabilidade era de que ficaríamos esperando uns 30 minutos, no mínimo. Por desencargo de consciência, fui falar com o cara que estava organizando a chegada das pessoas:

- E aí. Tem lugar pra seis?
- Ter, tem, mas tá tudo lotado. - disse o cara, dando uma de garçom irônico. - Seguinte: já chegou todo mundo?
- Já.
- Então acompanhem aquele cara ali.

Assim, o outro cara nos levou pra um corredor, que mais parecia um beco do mal. Quando percebemos, chegamos na outra parte do bar e, quando vimos, o cara já tinha tirado a placa de "RESERVADO" da mesa. "Podem se sentar", ele disse. Ainda não sei se aquela mesa estava realmente reservada.

O bar
De fato, o Bar do Alemão é um puta lugar tesão. Você realmente se sente bem ali. Porém, tudo no cardápio é caro. Como somos praticamente concorrentes do Eike Batista na disputa para ver quem é o brasileiro mais rico do país, pedimos o que ninguém teria coragem de pedir: uma porção de batata-frita.  

Me decepcionei. Meu pai já havia alertado que a comida não era das melhores. No site está escrito: "(...) batata-frita com cheiro-verde, crocante por fora e macia por dentro". Faltou o complemento: vem em pequena quantidade em um pequeno prato, para melhor apreciação do sabor. O tempero é como o preço: salgado. Nem curti.

Há também carne-de-onça, mas, como eu disse na hora:
- Não vou pedir isso aí. As onças já estão em extinção, e os caras ainda matam pra servir no bar...
- Você não tá falando sério, né? - disse o Gato.

Nesse momento, todos me olharam com uma cara de "Mano, como você é retardado".
Aí eu:

(Mentira né. Eu sabia que as onças não estavam em extinção)

Mas o que eu realmente curti, e que é famoso (e bom pra caralho) no Bar do Alemão é o submarino. O submarino nada mais é do que uma caneca de chope com uma canequinha de steinhaeger dentro.

                                                        Divulgação

A melhor coisa é beber o chope, que é muito bom, senão o melhor de Curitiba. A segunda melhor coisa é levar pra casa a canequinha. É claro que eu, acompanhado da alma ladra do Roberth, não nos contentamos, e furtamos duas canecas grandes também. (Já me confessei com o padre sobre furto. Estou absolvido). Depois que saímos de lá, percebemos que haviam câmeras nos filmando. Um erro. Eu sempre olho para cima antes, procurando câmeras filmadoras. E os caras não colocaram nem uma plaquinha de "Sorria, você está sendo filmado!". Golpe baixo.

A caipirinha de cachaça é boa, como toda caipirinha. Mas é forte. Se você não curte, é melhor não pedir.

No mais, é um bom lugar para ir com os amigos e jogar conversa fora. É claro que você tem que gritar um pouco. Não sei se é assim todo dia, mas na sexta à noite, a casa fica absolutamente lotada. Logo, o barulho de pessoas conversando atinge um nível razoavelmente elevado.

Gastei R$25,00 ou R$30,00 e não vi nenhuma cortina no Bar do Alemão, mas ficamos sabendo de histórias sobre cortinas. Qualquer coisa, o Gato está totalmente à disposição para explicações no twitter dele.

     Na foto, Gato, eu e Roberth, com as canequinhas de steinhaeger "furtadas honestamente"

Gatomóvel
Falamos anteriormente do Celta bordô (ou vermelho-cereja) do Gato. Este Celta não é um Celta qualquer. Ele é o famoso Gatomóvel. Com ele nós vamos parar em tudo quanto é lugar, e o carro já faz parte da vida de muita, mas muita gente. De Marilândia ao litoral paranaense, o Gatomóvel percorreu vários caminhos, conheceu diversos lugares e carregou centenas - senão milhares - de pessoas. Mal sabíamos que ele teria de descansar por algum tempo até se recuperar... 

O castigo
Considero o que aconteceu um castigo divino, por assim dizer. 

Saímos de lá com seis canequinhas (e duas canecas) rumo ao carro. Ainda era uma ou duas horas da manhã, e estávamos pensando em ir pra qualquer outro lugar. Já no carro, paramos em frente à Cats e perguntamos pra uma draqueen como é que a casa funcionava. (Não pensem bobagens. Isso é curiosidade jornalística. Temos que mostrar tudo a vocês). É claro que, após responder todas as nossas perguntas, a (ou o) drag começou a dar em cima de mim. Aí eu pergunto: por que diabos eu, porra?! 

Nada contra os homossexuais, mas eu jogo no time dos heteros, obrigado. Dez segundos depois nós já estávamos longe dali, discutindo quando voltaríamos - e se voltaríamos. Novamente, nada contra os homossexuais, o problema é a abordagem.

Foi quando tudo aconteceu: sofremos um acidente. Colisão entre um Uno e um Celta. Por mais de três horas ficamos esperando os tramites burocráticos da polícia acabarem e do seguro se resolverem. Pensamos que poderíamos seguir com o Gatomóvel, mas não teve jeito: após três quadras, tivemos que chamar o guincho.

Lá se foi o grande companheiro Gatomóvel para o concerto. Sozinho, carregado por um guincho e, pela primeira vez, percorrendo as ruas sem carregar um único ser humano em seu interior.

E a minha canequinha quebrou. 

Voltamos para casa de táxi. As duas canecas grandes estavam em uma caixa de colchão inflável. Em casa, pousei a caixa com todo cuidado em cima da mesa. Quando soltei, ela se abriu e, com toda a calma do mundo, uma das canecas saiu rolando e se espatifou no chão.

A minha caneca furtada quebrou.

Foi o que eu disse: isso é o que eu chamo de castigo divino. Deus olhou pra mim e disse: "É, você não fez coisas boas hoje. Roubou uma caneca! Infelizmente, terei que castigar-te. Mas é só para você aprender a lição."

Ele é mesmo um Pai. Meu pai também faria a mesma coisa.

Amém.

P.S.: Depois de 22 dias, o Gatomóvel ainda se encontra em tratamento no hospital. A previsão para alta é daqui 10 dias. Sofreu alguns ferimentos, mas já está quase recuperado.



Considerações do bar por: GATO
Já estive outras vezes neste tão famigerado bar, mas dentro dessa nova empreitada, e com esses amigos de saga, foi a primeira vez. Realmente lá as coisas são caras, é pra explorar mesmo, já que o bar está em um ponto turístico da cidade, o Largo da Ordem. O bacana do lugar é justamente por estar nesse lugar tão, tão, tão histórico.

O bar tem uma iluminação bacana, tem detalhes da arquitetura em madeira, e isso lhe confere
um charme especial, mas creio que falte algo que lembre realmente a Alemanha. Imagens de personalidades, símbolos (seria de mau gosto uma foto do Hitler e uma Suástica?)
- Mas Gato, o bar é do Alemão, e não da Alemanha.
- É, pode ser, mas falta, bandeiras, mapas.

Vi um mapa na porta do banheiro, quase que escondido, e se não fosse pelo meu gosto por mapas, ninguém teria notado. A bebida é ótima, não vou ser redundante, o Kotó disse tudo (só estou curioso, como ele sabe que é o melhor chopp de Curitiba, se estamos começando nossa via sacra agora?) Mas a batatinha... o batatinha sem vergonha. Meus Deus. Algo tão ridículo de fazer, você compra ela congela e frita, algum segredo nisso? A não ser na Alemanha as batatas sejam assim, horríveis.

Minha opinião é... visite o Bar do Alemão, vale a pena. Principalmente se você tiver amigos como os meus, e um detalhe, não esqueçam de brindar.
- Eu quero fazer um brinde a nossa amizade, porque eu sou sozinho aqui, não tenho família, e vocês, meus amigos, são a família que eu escolhi (lágrimas).

3 comentários:

  1. Adônis Netzel13/03/2011, 20:47

    quero ver o próximo episódio >.<
    a parte que o melhor entra na história

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Quero publicizar aqui algo que considero o cúmulo da parceria. O Lucas, vulgo 'Kotó' ficou presente durante todos os trâmites legais pós acidente, e demorou pra caramba, até chegar o Siate, polícia, foi quase uma era. Tem uma galera que precisou voltar pra casa devido ao horário, mas (acho) que ficaria também. Fomos abordados por um grupo de pessoas que saiam de um bar, bem na frente do ocorrido, e duas mulheres (uma muito gata por sinal) se solidarizou, quase pedi um abraço porque realmente ela era muito bonita. Até mesmo a policial (o Kotó decorou o nome dela, eu não me lembro), era bem gatinha, sem aquela farda então... melhor não desrespeitar. Valeu Lucas!!!

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